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Texto Reflexivo - Continuação Simbólica

  • Foto do escritor: Ana Cristina Lamas
    Ana Cristina Lamas
  • 1 de mai.
  • 2 min de leitura

Vivemos um tempo em que pensar se tornou perigoso. Não por causa de uma censura formal, mas porque, em nome de uma moral coletiva travestida de justiça, certas ideias são amputadas antes mesmo de nascer. O que parece ser um avanço - dar voz a minorias, respeitar vivências, acolher diferenças - tem sido distorcido ao ponto de interditar o próprio exercício da consciência.


Gerada por IA
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A distorção do conceito de "lugar de fala" é um dos mecanismos mais sutis dessa nova forma de silenciamento. O que começou como um gesto ético - ouvir quem historicamente não foi ouvido - tornou-se um critério de exclusão da escuta e do pensamento. Se não vivi aquilo, não posso refletir sobre aquilo. Se não pertenço a um grupo, não posso sequer formular perguntas. Com isso, a alteridade se dissolve, o símbolo morre, e a alma coletiva adoece.



A distorção do conceito de "lugar de fala" é um dos mecanismos mais sutis dessa nova forma de silenciamento. O que começou como um gesto ético - ouvir quem historicamente não foi ouvido - tornou-se um critério de exclusão da escuta e do pensamento. Se não vivi aquilo, não posso refletir sobre aquilo. Se não pertenço a um grupo, não posso sequer formular perguntas. Com isso, a alteridade se dissolve, o símbolo morre, e a alma coletiva adoece.


É como se a psique moderna estivesse sofrendo de uma forma de atrofia simbólica. O pensamento crítico - aquele que se constrói na tensão entre visões diferentes, entre dor e compaixão, entre sombra e luz - dá lugar a bolhas emocionais autorreferentes. A empatia se torna seletiva. A indignação, imediatista. E o diálogo, um campo minado.


Na prática, isso não liberta ninguém. Pelo contrário: beneficia o status quo, que continua intocado enquanto os indivíduos, supostamente empoderados, se fragmentam em guetos psíquicos, girando em torno de suas identidades feridas como se fossem ilhas. O homem que deseja solidarizar-se com o feminino é silenciado porque "não é mulher". A pessoa que observa com lucidez é atacada porque "não viveu". E assim, o olhar simbólico - que integra, que transcende, que revela - é desacreditado.


Jung diria que aí está a sombra do progresso: a ideologia que promete libertação, mas escraviza o pensamento. Quando o "lugar de fala" vira um totem rígido, ele impede o surgimento daquilo que nos torna realmente humanos - a capacidade de ver o outro sem medo de nos transformar por ele.


A geração atual, que parece mais frágil, menos resiliente, menos crítica, talvez não seja menos inteligente - mas está, sim, psiquicamente mais amputada. Cresceu num campo de restrições simbólicas, onde a dor virou território privado e pensar sobre ela virou invasão. O desafio é grande, mas não é novo: como resgatar o poder de refletir em meio ao ruído das ideologias?


Como devolver ao pensamento seu valor sagrado? Talvez o primeiro passo seja ousar pensar novamente, com humildade e coragem, mesmo quando nos dizem que não temos o "lugar certo" para isso.


Porque o verdadeiro lugar de fala... é aquele que nasce do silêncio interior da alma desperta.


O que te silencia e paralisa? Responda nos comentários.


Com carinho,


Ana Cristina.

Psicóloga junguiana

 
 
 

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