Processo Terapêutico
Uma travessia que não exige pressa, apenas presença
O processo terapêutico, na psicologia junguiana, não é um protocolo fechado, mas uma escuta viva. Ele se constrói a cada encontro, a partir do que emerge, nas palavras, nos silêncios, nos sonhos, nos afetos.
Geralmente, o caminho se dá por algumas fases simbólicas, que não são rígidas, mas que ajudam a compreender o movimento da alma:
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Acolhimento e nomeação
No início, o mais importante é criar um espaço seguro, onde a pessoa possa falar livremente, sem julgamentos.
Aquilo que antes era apenas dor, confusão ou repetição, começa a ser nomeado: vítima, medo, raiva, culpa, arrogância, vergonha.
Dar nome aos afetos é o primeiro passo para deixá-los existir sem que nos dominem.
Aproximação da sombra
À medida que o vínculo se estabelece, conteúdos mais profundos começam a aparecer.
A sombra, que são os aspectos rejeitados ou ocultos da personalidade, começa a se manifestar nos sonhos, nos conflitos e até na relação terapêutica.
Aqui, não se trata de corrigir, mas de compreender.
Tudo que foi negado só pode ser transformado quando é visto.
Escuta simbólica do inconsciente
A linguagem do inconsciente é simbólica.
Sonhos, imagens, sensações e repetições revelam mensagens que escapam à lógica.
Neste ponto, aprendemos a dialogar com o que a alma quer dizer, mesmo quando o ego resiste.
É onde a técnica se torna arte.
Integração dos opostos
O verdadeiro amadurecimento não vem da perfeição, mas da reconciliação.
A vítima aprende com a agressividade.
A arrogância encontra a humildade.
O medo descobre a potência.
Essa integração é o que Jung chamou de processo de individuação, tornar-se quem se é, inteiro(a), consciente e verdadeiro(a).
Síntese e continuidade
O processo não tem um fim pré-determinado.
Mas com o tempo, a pessoa passa a reconhecer em si mesma a capacidade de lidar com as próprias emoções, compreender seus sonhos e responder à vida com mais inteireza.
O terapeuta, nesse ponto, já não é muleta, é testemunha de uma autonomia que nasce de dentro.
Cada jornada é única.
E o tempo necessário para essa travessia não se mede em meses nem em número de sessões.