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Quando o universo nos ouve: estrelas de nêutrons, precisão cósmica e o eco da alma

  • Foto do escritor: Ana Cristina Lamas
    Ana Cristina Lamas
  • 25 de abr.
  • 2 min de leitura

Gerada por IA
Gerada por IA

Há corpos no cosmos que desafiam tudo o que sabemos — e até o que ousamos imaginar. As estrelas de nêutrons, formadas após a morte de estrelas gigantes, são tão densas que uma simples colher de chá da sua matéria pesaria bilhões de toneladas. São, como disse a astrofísica Jocelyn Bell, “coisas tão bizarras dentro das bizarrices do universo”, e mesmo assim, em meio a esse colapso extremo, emitem pulsares com uma precisão que rivaliza com os melhores relógios atômicos da Terra.

E é aqui que a alma desperta.

Essa regularidade absurda, quase artificial, levou cientistas a cogitarem se não estariam captando sinais de alguma inteligência desconhecida. O que Jocelyn descobriu, sem querer, foi mais do que um objeto celeste — foi uma pergunta cósmica. E, como tudo que é grande demais para ser encaixado nos modelos, desloca nosso centro e nos convida à reverência.


Hoje, com a chamada astronomia multimensageira, não observamos apenas a luz: ouvimos também as ondas gravitacionais — reverberações do universo que, antes, eram silenciosas. Isso amplia nossa percepção do cosmos. E nos faz perguntar: o que mais está falando conosco e não sabemos ouvir?


Na alma humana, também existem “estrelas de nêutrons”: núcleos de experiências tão densas, tão carregadas de história, dor ou potência simbólica, que deformam tudo ao seu redor. Elas giram em torno de um centro invisível, mas deixam pistas. Seus sinais podem surgir como sonhos recorrentes, sintomas persistentes, reações desproporcionais — pulsos de algo que pede escuta, não análise fria.


Assim como na física, é preciso criar instrumentos mais sensíveis para captar essas mensagens. Não basta olhar — é preciso sentir o impacto. A escuta junguiana, como essa nova astronomia, vai além da superfície. Ela percebe o que vibra nas profundezas e compreende que, às vezes, a alma envia ondas que só a presença simbólica consegue traduzir.


Enquanto a ciência descobre novas formas de ler o universo, nós, terapeutas da alma, somos chamados a novas formas de ouvir o invisível. Porque talvez, o que pulsa lá fora — com tamanha precisão e mistério — esteja, de algum modo, ressonando com o que pulsa aqui dentro.


Com carinho,


Ana Cristina.

Psicóloga junguiana.

 
 
 

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