top of page

Quando o saber ergue muros e não pontes

  • Foto do escritor: Ana Cristina Lamas
    Ana Cristina Lamas
  • 15 de mai.
  • 2 min de leitura

Gerada por IA
Gerada por IA

Por vezes, o saber que cultivamos com tanta dedicação torna-se um muro. Um muro elegante, revestido de palavras doces, olhares compreensivos e uma escuta aparentemente atenta. Mas por dentro… por dentro há um trono. Um trono interno onde a arrogância se senta e diz: “Eu sei. Você não.”


Jung sabia disso. Por isso escreveu: "O saber muitas vezes é um muro contra o qual a alma se machuca."


Esse saber, quando desconectado do coração, não acolhe. Ele sentencia. Não escuta. Ele acusa em silêncio, com frases que não saem da boca, mas ecoam na postura, no olhar, na impaciência sutil. O corpo sabe. O estômago se embrulha. A nuca dói. O cérebro pulsa, como se estivesse sendo apertado por dentro. A alma se contrai.


E então, algo rompe. Um instante de lucidez atravessa as defesas e revela: não era empatia, era superioridade mascarada. Não era cuidado, era controle. Não era presença, era performance. E o que parece uma verdade dita para o outro, era, na verdade, uma negação do próprio vazio.


Mas agora, algo mudou.


A voz da consciência, antes abafada pela intelectualização, começa a ganhar espaço. Ela treme, ela dói, mas não recua. Ela vê. E ao ver, já transforma.


O saber, agora, já não serve para se proteger. Serve para atravessar. Serve para se despir. Para se ajoelhar diante da complexidade do outro, sem querer decifrá-lo antes da hora. Sem querer que ele seja a confirmação de sua teoria. Sem querer que o paciente seja espelho de seu acerto.

E então, lentamente, o muro começa a se tornar ponte.


A travessia começou. E não há mais retorno.


Com carinho,


Ana Cristina.

Psicóloga junguiana


 
 
 

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
bottom of page