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Quando a terapia vira camuflagem: entre permanecer e se entregar

  • Foto do escritor: Ana Cristina Lamas
    Ana Cristina Lamas
  • 18 de mai.
  • 2 min de leitura

Gerada  por IA
Gerada por IA

Há pacientes que frequentam a terapia como quem cumpre uma tarefa. Sentam, falam, ouvem — e vão embora com a sensação de dever cumprido. Mas, lá no fundo, nada se move. Porque não houve entrega, só presença.


Alguns até dizem: “Eu sei que preciso mudar.” Mas seguem alimentando o mesmo padrão. Outros relatam que vão ao psiquiatra, tomam um remédio, sentem um certo alívio — e acreditam que estão melhorando. Mas não percebem que aquilo que deveria ser suporte virou disfarce.


O sofrimento não foi acolhido, foi silenciado.


A medicação pode ser necessária em muitos casos. Mas quando se transforma em muleta emocional, cria a ilusão de que o problema passou — quando, na verdade, ele apenas se calou por um tempo, esperando ser ouvido de verdade.


Há pacientes que permanecem na terapia por anos, mas não amadurecem. Repetem os mesmos temas, as mesmas queixas, com pequenas variações. Evitam tocar no que realmente importa. E quando a terapeuta aponta isso com firmeza, recuam, se vitimizam, ou marcam uma consulta... para daqui a dois meses. Como se o tempo fosse dissolver o que só pode ser transformado pela consciência.


Estar na terapia não é garantia de mudança. O que transforma é a escolha de se colocar em jogo. De ouvir o que incomoda. De olhar o que assusta. De nomear o que se esconde. De abandonar a camuflagem e encarar a travessia.


A terapia só funciona quando você decide deixar de sustentar a imagem de coitado, injustiçado, ou incompreendido — e começa a perguntar: Por que continuo alimentando esse lugar? Que parte em mim se beneficia disso?


Nem todo mundo quer se curar. Alguns querem apenas permanecer.


Mas permanecer não é o mesmo que se entregar.


E você, em qual posição está?


Com carinho,


Ana Cristina.

Psicóloga junguiana

 
 
 

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