Psicologia e autoestima: o espelho partido da alma
- Ana Cristina Lamas

- 1 de mai.
- 2 min de leitura
Vivemos tempos em que o valor próprio parece ter se tornado uma mercadoria frágil, que se quebra ao menor descuido. É como se a alma, ao buscar um reflexo no mundo externo, visse apenas fragmentos — pedaços distorcidos de si mesma refletidos nos olhos alheios, nos filtros das redes sociais, nos padrões inatingíveis de sucesso, beleza ou competência. Nesse jogo de espelhos partidos, a autoestima, que deveria brotar de dentro como uma nascente, se torna dependente da aprovação externa, escassa e instável.
Mas o que é, afinal, a autoestima?

Pela lente simbólica da psicologia, especialmente a junguiana, autoestima não é apenas gostar de si mesmo ou se sentir bem — isso seria um efeito, não uma causa. A verdadeira autoestima é o reconhecimento íntimo do próprio valor, mesmo diante daquilo que ainda não foi resolvido. É o ato de sustentar-se em meio às próprias sombras sem negar a luz. É enxergar-se em movimento, como um processo, não como um produto acabado.
Não há como sustentar autoestima sem um vínculo vivo com a alma. E a alma não se alimenta de aplausos. Ela se alimenta de verdade.
O processo terapêutico, nesse sentido, é um retorno ao centro. Um resgate do eixo interior que muitas vezes foi deslocado por traumas, repetições familiares, idealizações e autocríticas severas que se alojam como vozes internas dizendo: “Você não é suficiente”. E se esse julgamento se instala cedo demais — na infância, por exemplo — ele se torna um filtro pelo qual tudo é percebido. Como um óculos embaçado que impede a pessoa de enxergar suas próprias cores.
A psicologia não cura a autoestima como se fosse uma doença. Ela convida a pessoa a perceber quando, onde e por que começou a duvidar de si. Às vezes, a ferida da autoestima está onde menos se espera: não no que faltou, mas no que foi em excesso — expectativas, exigências, comparações. E, para muitas pessoas, a raiz não está no “fracasso”, mas na traição da própria verdade: não seguir a intuição, não escutar o corpo, não se permitir ser quem se é.
Por isso, muitas vezes, a jornada da autoestima é a jornada da individuação — o processo de tornar-se quem se é, na inteireza de luz e sombra. Não se trata de inflar o ego, mas de conhecer suas fronteiras. De dialogar com as partes negadas, excluídas ou desprezadas. A autoestima verdadeira nasce quando o eu pára de se esconder de si mesmo.
É um processo. E como todo processo, exige coragem, paciência e, acima de tudo, presença.
Em tempos de tanto ruído, buscar psicoterapia é escolher silenciar o mundo por instantes para escutar a si. É parar de buscar aprovação onde há apenas julgamento. É confiar que há um centro que pulsa, mesmo quando tudo parece ruir por fora.
Porque, no fundo, a autoestima não é sobre gostar da imagem que se vê — mas sobre amar aquele que, mesmo ferido, ainda tem força para se olhar.
Como está sua autoestima? Posso te ajudar neste processo. Clique aqui
Com carinho,
Ana Cristina.
Psicóloga junguiana.






Comentários