Ansiedade: o clamor da alma por direção
- Ana Cristina Lamas

- 10 de mai.
- 2 min de leitura
Na visão de Jung, a ansiedade não é o inimigo — é o sinal.
A ansiedade, sob a ótica junguiana, é um fenômeno psíquico que surge quando há um descompasso entre o ego e o Self, entre o modo como vivemos e o que nossa alma pede para viver. Jung via a ansiedade não como um sintoma a ser combatido, mas como um mensageiro simbólico — algo que precisa ser escutado, não silenciado.

Vivemos em um mundo veloz, saturado de estímulos e exigências. Nesse cenário, a ansiedade se tornou quase uma epidemia silenciosa. Mas, para Jung, ela não é apenas um distúrbio a ser remediado: é uma expressão simbólica de que algo, dentro de nós, perdeu o caminho.
A ansiedade surge quando o ego tenta controlar aquilo que está além de seu domínio. Quando nos afastamos do eixo interno e nos identificamos demais com o mundo externo — com as expectativas, os ideais, os papéis sociais — criamos uma tensão psíquica que pode se manifestar como inquietação, medo, insônia, angústia difusa. Não sabemos mais onde estamos nem para onde vamos, mas continuamos correndo.
Jung dizia que o inconsciente não é só o que não sabemos — é o que ainda não está pronto para se manifestar de forma consciente. A ansiedade, então, pode ser um prenúncio de algo novo tentando emergir, mas que ainda não encontrou forma ou linguagem. É a tensão entre o que somos e o que estamos nos forçando a ser.
Muitas vezes, a ansiedade nos visita quando ignoramos o chamado simbólico da alma. Quando seguimos caminhos que não nos pertencem, quando silenciamos emoções, quando não damos espaço ao vazio criador, quando esquecemos de perguntar: qual é o meu verdadeiro desejo?
A ansiedade é uma pressão da alma por sentido.
E como toda pressão arquetípica, ela quer movimento, não fuga. Ela quer que olhemos para dentro.
Escutar a ansiedade com escuta simbólica — perguntar o que ela quer nos mostrar, o que foi desviado, o que está sendo evitado — é um caminho de integração. E, às vezes, tudo o que ela pede é que desaceleremos e sintamos, de verdade, o lugar onde estamos.
A cura não está em suprimir o sintoma, mas em traduzir sua linguagem.
Quando escutamos a ansiedade com o coração, ela se transforma em bússola.
Tem observado o que quer controlar?
Com carinho,
Ana Cristina.
Psicóloga junguiana






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